Swat * guerras

by called

“As esperanças de sair daqui com vida são remotas. Estou há 3 dias em outro campo de concentração nazista, não sei por que tanta perseguição com o meu povo; como sofremos!
Tive meus filhos arrancados de mim e por onde [anda] meu marido? Dói em mim não ter notícias deles. O que estará [acontecendo] ou já terá acontecido com eles? São tantas torturas, fuzilamentos, câmaras de gás. Tenho saudade da nossa vida em tempos bons.
Íamos para passeios, ficávamos horas a fio juntos nos amando.
Hoje as pessoas que ficam perto de mim são aparentemente estranhas, mas unidas pelo sofrimento.
Os olhares sem esperanças, o sangue como suor, não temos nossos cabelos, má alimentação, o frio é intenso, as roupas são insuficientes, não há lugar para dormirmos com conforto, nada aqui é agradável. Só dor, ódio, maus tratos, sofrimento. Mas se eu sair viva irei para um lugar com ar puro e liberdade de vida, procurarei meus queridos filhos e meu amado marido.”[3]

Acreditei ser importante que os alunos não tivessem acesso prévio a relatos verdadeiros para que não fossem influenciados pela narrativa dos reais protagonistas. Evidentemente, já haviam seguramente sido influenciados pelo impacto de A Lista de Schindler, pela narrativa de A Onda e pelas fotos que apresentei, mas em nenhum dos casos houve qualquer tipo de acesso a relatos escritos, o que fez com que a turma fosse obrigada a transformar em "experiência" o impacto visual, emocional e intelectual que tomar conhecimento com a realidade do nazismo e dos campos de concentração lhes causara.
Apesar de tratar de um tema árduo, duro como a II Guerra Mundial, o nazismo e os campos de concentração - do qual a maioria de nós, professores de História, já temos um pré-conceito, seja qual for o nosso envolvimento intelectual e/ou emocional com este tema específico - pretendi trabalhar com uma “pedagogia da sensibilidade”, ao contrário da “pedagogia” de Hitler, exposta no relato abaixo:
"Minha pedagogia é dura. Toda fraqueza deve ser chutada para longe. Nós criaremos uma juventude diante da qual o velho mundo vai se encolher de medo. Eu quero uma juventude enérgica, impiedosa, decidida, cruel. Eu quero ver o esplêndido animal predador brotar de seus olhos. Assim, eu irei extinguir milhares de anos de domesticação humana."[4]
Evidentemente, como o fazer pedagógico neste começo de milênio torna-se cada vez mais uma tarefa delicada, tentei sempre ter em conta as advertências com relação à questão da “verdade”. Como lembra Tomaz Tadeu da Silva:
"É importante [...] uma abordagem que vê como central o papel da linguagem e do discurso na construção do 'real' e da 'verdade'. Também aqui o saber e o conhecimento são vistos menos em sua relação epistemológica com a 'realidade' e o 'verdadeiro' e muito mais em seu nexo com relações de poder. Conhecer o Outro nessa perspectiva é menos descrevê-lo em sua 'essência' e 'natureza' e muito mais representá-lo, torná-lo presente de uma forma que o subordine, o inferiorize. O lugar do Outro não é nunca função de alguma posição fixa, objetiva, mas sempre uma posição que lhe é atribuída pelo poder da representação e do discurso do grupo e da visão dominante. A noção de 'representação' é, pois, essencial a essa crítica."[5]

Download
Released 2009-02-20
Category Adventure
Rating 3.0 (by 2 users)
Downloads 46
Version 0
ID 71532
Slug swat--guerras